sábado, 17 de outubro de 2009

O Dilema do Prisioneiro


Peter Singer

No início da década de 1980, Robert Axelrod, sociólogo americano, fez uma descoberta notável acerca da natureza da cooperação. A verdadeira importância do resultado de Axelrod ainda não foi devidamente valorizada fora de um grupo restrito de especialistas. Encerra a potencialidade de alterar não apenas as nossas vidas pessoais, como também o mundo da política internacional.

Para compreendermos o que Axelrod descobriu, precisamos primeiro de saber algo sobre o problema que o interessou — um bem conhecido quebra-cabeças sobre cooperação chamado Dilema do Prisioneiro. O nome vem da forma como o quebra-cabeças é geralmente apresentado: uma escolha imaginária que se apresenta a um prisioneiro. Há muitas versões. Eis a minha:

Esse é um jogo onde a capacidade de decisão é posta em xeque. Evidencia-se o individualismo e a busca estratégica para soluções que favoreçam uma saída, buscando sempre a colocação de si próprio no lugar do oponente. O “dilema do prisioneiro” vem mostrar que em situações de risco a saída envolve uma série de decisões que podem gerar inúmeros problemas.

Você e seu cúmplice foram arrastados até a delegacia de polícia e colocados em celas separadas. O promotor diz a você que a polícia possui evidência suficiente para mandá-los para trás das grades por um ano, mas não o bastante para uma condenação mais pesada. Porém, se você confessar e concordar em depor contra seu cúmplice, você ficará livre por ter colaborado, e ele irá para a cadeia por três anos. Já se ambos confessarem o crime, os tiras não precisarão de sua cooperação e cada um sofrerá uma pena de dois anos. Você é levado a acreditar que a mesma proposta está sendo feita ao seu parceiro. O que você faz?

O dilema é que a escolha não pode ser feita no terreno puramente racional. Para ver o porquê, vamos retornar ao nosso cenário inicial. Olhando por um lado, você se sai melhor confessando mas, por outro lado, você se sai melhor ficando quieto. Aqui estão as possibilidades organizadas em ordem:


 Parceiro fica calado


 Parceiro confessa


 Você fica calado


 1 ano para você


 3 anos para você



 1 ano para parceiro


 0 anos para parceiro


 Você confessa


 0 anos para você


 2 anos para você



 3 anos para parceiro


 2 anos para parceiro



Obviamente, para você, o melhor resultado possível é confessar e seu parceiro ficar calado. (Na linguagem da teoria do jogo, salvar sua própria pele, sem se importar com mais nada, é chamado "defecção"). E até mesmo se seu parceiro confessar, você ainda lucra por defectar, já que, se permanecer em silêncio, você pegará três anos de cadeia, enquanto que confessando você só vai pegar dois. Em outras palavras, seja qual for a opção do seu parceiro (e você não tem jeito de saber a decisão dele), você se sai melhor defectando.

Porém, se seu parceiro for tão esperto quanto você, ele vai chegar à mesma conclusão: a escolha racional é confessar. Essa lógica vai, dessa forma, proporcionar a ambos dois anos na cadeia. Será que isso é realmente "racional" quando, se ambos ficassem calados ("cooperação"), cada um poderia pegar apenas um ano? No geral, a cooperação mútua é o melhor, já que a quantidade total de tempo que ambos pegariam seria de dois anos em vez de três ou quatro.

Então, você deve cooperar, certo? Bem, suponhamos que o seu parceiro não chegue a essa conclusão, ou que ele chegue, mas decida se aproveitar de sua confiança, defectando. Neste caso, você terá que encarar o pior resultado possível: três anos vendo o sol nascer quadrado. O que vai ser: você confia nele ou não? O que é mais racional, cooperação ou defecção?

Esse tipo de dilema é vivido por todas as pessoas a todo momento, pois trata-se de um processo que envolve a busca por benefícios individuais, mesmo que para isso outro indivíduo seja "sacrificado". O Brasil vive hoje um "dilema do prisioneiro" em relação ao desenvolvimento de fontes de energias sustentáveis e o “pré-sal”. É de conhecimento de todos, que nas últimas décadas, o Brasil vem desenvolvendo tecnologias e incentivo para o uso de energias renováveis, a advindas de fontes que não poluem o meio ambiente, exemplo disso foi na década de oitenta com a crise do petróleo, quando o Brasil desenvolveu tecnologia para captação de álcool, a partir da cana de açúcar como combustível para automóvel e virou referência no mundo.

Hoje com a descoberta de novas fontes petrolíferas, situadas a quilômetros de profundidade, no fundo do oceano atlântico, pode haver um desvio no propósito do governo em investir massiçamente em fontes renováveis de energia, já que o retorno advindo da exploração do petróleo é imediato e muito mais rentável. Já não se vê a mídia falar tanto no assunto, pois o dilema fica claro: Continuar divulgando as fontes viáveis de energia não-poluentes ao mundo, como saída para a diminuição dos efeitos do aquecimento global ou aproveitar ao máximo a exploração do “pré-sal”, mesmo sabendo que esta é uma fonte poluente que com certeza, contribuirá ainda mais para o desequilíbrio ambiental, mas é o meio mais rápido para alcançar o desenvolvimento do país?

postado por Agnailldo


ROBERT AXELROD - "E A COOPERAÇÃO".

Como encorajar a cooperação_ tirado do Livro de Robert Axelrod, entitulado "A evolução da cooperação." Publicado em 1984 tem ganho bastante relevância na evolução da internet. No livro, Axelrod examina como a cooperação pode emergir e estabilizar um ambiente concebido para a multi-participação.

Axelrod fornece conjunto de máximas para aqueles que querem encorajar a cooperação entre jogadores/utilizadores.


1. Aumentar a Sombra do Futuro. Isto quer dizer, aumentar a frequência de interacção entre jogadores e aumentar a importância do presente jogo tendo em vista os próximos jogos. A importância pode ser aumentada ao tornar públicas as acções do jogador. Este é o início da reputação.



2. Aumentar a Recompensa e diminuir a Tentação e a Punição podem produzir resultados encorajadores.



3. Ensinar os indivíduos a gostarem uns dos outros. Questões éticas e rituais são muitas vezes potenciadas em ambientes onde se verifica o Dilema do Prisioneiro. Estes traços emergentes servem para estruturar e forçar condutas sociais, e podem mesmo alterar a percepção que os jogadores possuem do jogo ao ponto onde a cooperação é mais "desejável" do que a tentação de defecção.



4. Ensinar reciprocidade. Quid pro quo é justo e possui vantagens adicionais. Quid pro quo encoraja os outros jogadores a utilizar estratégias semelhantes; faz com que os jogadores policiem os seus oponentes e desse modo proporcienem um benefício secundário a outros jogadores que também utilizem o quid pro quo (reciprocidade).



5. Melhor a capacidades de reconhecimento. Cooperação funciona efectivamente bem quando os jogadores se reconhecem uns aos outros e se lembram como um determinado jogador se comportou da última vez que se encontraram. O reconhecimento e a memória podem ser melhorados de diferentes maneiras. Etiquetas esterótipadas, status e reputação. Etiquetar os jogadores e categorizá-los em esteriótipos pode fazer com que um grande número de jogadores se torne gerível além de facilitar qualquer tomada rápida de decisões. A reputação é uma propriedade emergente nos grupos sociais. Os jogadores são geralmente reconhecidos pelo grupo como fiáveis ou não. Isto é uma forma de etiquetagem e de memória colectiva

JÚNIOR E MÔNICA