sábado, 22 de agosto de 2009

5 - Teoria dos Mercados Contestáveis

A “Teoria dos Mercados Contestáveis” defende a idéia de concorrência pura e perfeita, na qual não existem barreiras à entrada nem à saída. No que diz respeito à entrada, uma vez assumidos os custos que correspondem à massa crítica, todas as empresas que entram naquele mercado realizam a mesma taxa de lucro. As barreiras à saída significam que não existem custos irreversíveis nesses mercados.


Em um mercado contestável, não existe lucro-extra e todas as empresas que atuam no mercado apresentam a mesma estrutura de custos. Com isso, mercados oligopolistas ou monopolistas podem apresentar as mesmas características que os mercados de concorrência pura e perfeita, no que diz respeito ao bem estar social; isto a partir do momento que as hipóteses de livre entrada e saída na indústria são verificadas.

4 - Teoria dos Mercados Eficientes

Esta teoria oferece uma das visões mais verdadeiras do mercado. Ela afirma corretamete que os mercados refletem a inteligência de todos os membros da multidão, vemos isso claramente na atual crise econômica mundial, mas incorre em erro ao assumir que os investidores são seres humanos racionais, sempre dispostos a se esforçar ao máximo para aumentar os ganhos e diminuir as perdas. Isso, como podemos ver atualmente, não é uma verdade absoluta.
Tendo invista um dos pilares da crise atual, onde, em busca de retornos cada vez mais altos, as grandes empresas financeiras e seus investidores, arriscaram mais do que o necessário, para se proteger das perdas e possíveis quebras.
A maioria dos investidores é racional durante o fim de semana, quando o mercado está fechado. Todos nós analisamos a situação dos papéis, criamos gráficos e analisamos as tendências, e avaliamos que é melhor comprar ou vender, onde podemos obter mais lucros e minimizar as perdas. Quando o mercado abre, todos os planos se perdem no calor das emoções, no sobe-desce dos preços.
Investir é uma atividade em parte racional e em parte emocional. As pessoas geralmente agem na base do instinto, do "achismo" ou conselho de algum "especialista", ainda que suas análises inicias apontem o contrário. Assim como no jogo de poker, um jogador vencedor, gaba-se de suas posições e vitórias, e não percebe os sinais que indicam o melhor momento para venda. O investidor receoso, que já sofreu perdas expressivas, torna-se excessivamente cauteloso. Assim que suas ações caem um pouco, ele vende, não respeitando suas próprias regras de stop. Quando as ações sobem, superando os lucros previstos, ele não agüenta e vende ao menor sinal de queda, para depois recomprar acima do seu ponto de entrada inicial.
Agora, pare e pense, se isso já não aconteceu com você mesmo ou algum conhecido seu.
Seguindo o exemplo, a ação pára e cai, enquanto ele fica observando, primeiro na expectativa da reversão, depois congelado pelo horror, enquanto os preços despencam. No final, não resistindo mais a dor e vende com prejuízo, quase no fundo do poço.
Confesso a vocês que eu já fui vítimas deste mal por várias vezes.
O que há de racional neste processo? O plano original de comprar pode ter sido inteligente, mas sua atuação criou uma tempestade emocional.
Os investidores emocionais não buscam seus melhores retornos a longo prazo. Estão ocupados curtindo a adrenalina ou se contorcendo de medo. Os preços refletem o comportamento inteligente dos investidores racionais, assim como repercutem o desespero da massa.Quanto mais ativo o mercado, mais os investidores se tornam emocionais.
Os mercados são mais eficientes nos períodos de tranquilidade, com tendências claras e bem definidas.Tornam-se menos eficientes a medida que as pessoas ficam mais emocionais. É mais difícil ganhar dinheiro quando o mercado está tranquilo, pois os outros investidores também estão tranquilos. Os investidores racionais, que controlam suas emoções, podem ganhar dinheiro, ao manterem a calma e seguirem as suas regras.
O investidor maduro ganha dinheiro em cima da teoria dos mercados eficientes, pois a maioria das pessoas, quando se trata de dinheiro, agem somente pelo lado emocional, seguindo o modelo de manadas. O investidor inteligente aproveita as brechas criadas pela teoria dos mercados eficientes, por enteder que a maioria das pessoas são movidas pela emoção, e não pela razão.

Uma crise contra a hipótese de mercados eficientes, em favor do debate de teorias

Eugene Fama e Kenneth French ajudaram a consolidar a hipótese dos mercados eficientes em seus estudos no início da década de 1970. Embora ainda dominantes na teoria das decisões financeiras, as ideias da Universidade de Chicago ganharam questionamento desde o estouro da crise em 2007. Seu pressuposto básico é respeitado desde sua criação. Mas o momento atual pede para rever alguns conceitos.
A proposição de racionalidade dos mercados sugere que todas as informações disponíveis estão incorporadas nos preços, fator que torna os movimentos de curto prazo meramente aleatórios. Por isso seria ingênua a tentativa de bater o mercado de forma consistente, o que associa Fama e French ao desenvolvimento da famosa estratégia de buy and hold.
Como os mercados seriam eficientes, a estratégia de comprar determinado ativo e segurá-lo por algum tempo apareceria como a mais (ou a única) razoável. Diversos investidores fizeram fama e fortuna partindo de princípios como este.
Sábios?
No entanto, tal atuação na precificação dos ativos deixa algumas dúvidas. Seguindo a hipótese de que os mercados são eficientes, as chamadas bolhas não se formariam; ou então não durariam por muito tempo.
Transportando o caso para o cenário atual de crise, a hipótese ganha argumentos contrários com a avalanche que derrubou os preços dos ativos na segunda metade do ano passado.
O petróleo é bom exemplo. A cotação do barril passou de US$ 145 para US$ 30 em cerca de seis meses, oscilação tão abrupta que traz à mente a ideia de que havia ou há participação de capital especulativo nos preços, compondo preços inflados e longe de seus fundamentos - uma bolha. Grosso modo, esta situação remete aos estudos das finanças comportamentais, que associam boa dose de psicologia às decisões do investidor.
A irracionalidade das emoções
O debate foi reacendido por matéria da revista The Economist, que cita que "há evidências de que perdas podem tornar os investidores extremamente, e irracionalmente, avessos a risco - exagerando a queda dos preços quando uma bolha estoura". Mais um argumento para se respeitar, mas contrário a um contexto de mercados completamente eficientes.
O estudo das finanças comportamentais de certa maneira não ignora o fato de boa parte das decisões serem tomadas de forma racional. No entanto, aponta que as decisões emocionais também precisam ser consideradas, senão os modelos econômicos não serão bem sucedidos em sua tentativa de explicar o comportamento dos mercados.
Um paradoxo, um meio-termo
No debate entre as teorias, a matéria da Economist cita duas vertentes: o paradoxo de Stiglitz e a hipótese de mercados adaptativos, de Andrew Lo. A primeira bate diretamente na suposição de que as informações disponíveis estão completamente embutidas nos preços.
Como o custo de obtenção das informações não é incluído na precificação dos ativos e todas as informações disponíveis já estão incorporadas, não haveria incentivo para a busca de novas informações, o que por si só revela uma ineficiência do mercado.
Na mesa de discussões, chama atenção a proposta de Andrew Lo. Basicamente, um meio termo com traços de influência da teoria da evolução. Para a hipótese dos mercados adaptativos, Lo considera que os agentes não são racionais nem emotivos por inteiro em suas decisões e, como o contexto do mercado muda, estes agentes acabam cometendo alguns erros enquanto não se adaptam à nova realidade. É o processo de tentativa e erro montando as estratégias de investimento.

2 - Teoria dos Jogos



Uma breve introdução intuitiva

O que é Teoria dos Jogos e como ela pode melhorar as suas decisões estratégicas?

Teoria dos Jogos é um ramo envolvendo estratégia e economia que estuda a tomada de decisões entre indivíduos quando o resultado de cada um depende das decisões de outros participantes, numa interdependência similar a um jogo.

Uma situação estratégica é diferente de comprar um carro. Escolher um automóvel pode parecer complexo pela quantidade de variáveis a considerar. Além do preço, existem a aparência, o estilo, o motor, o conforto, acessórios, a eletrônica, tamanho do porta-mala, porta-trecos, etc.

Existe uma certa complexidade pois há um trade-off a resolver: geralmente nenhum carro possui exatamente todas as características que você gostou. Seria bom se o carro A, como aqueles acessórios, também tivesse a configuração do motor do carro B. Você pode criar um algoritmo (mental ou via computador) para colocar todas as variáveis e pesos de importância (suas utilidades) e criar um ranking. Assim você estaria maximizando o resultado ao, essencialmente, minimizando os trade-offs. Trade-offs sempre existirão - faz parte do processo de tomadas de decisões. É impossível fazer escolhas sem abrir mão de outras.

MAS neste exemplo do carro a decisão é só sua e não há interferência de outros no resultado. Já a Teoria dos Jogos estuda cenários onde existem vários interessados em otimizar os próprios ganhos, por vezes em conflito entre si.

Por exemplo, imagine que em sua empresa você tem dúvidas se deve reduzir o preço de um produto para ser mais competitivo. Inteligente e estudioso de algoritmos de custo-benefício, você decide a estratégia de abaixar o preço em 3% para ter um aumento de receita de 7% ao ganhar mais market-share. Você calculou a relação de custo-preço-vendas e a conseqüente migração de consumidores dos concorrentes para sua empresa.

Entretanto, sua ação certamente produz uma reação em seu competidor. Ele também é inteligente, faz as contas e decide abaixar o preço (ou fazer uma campanha de marketing ou mudar o produto, por exemplo). Como conseqüência da estratégia dele, o seu ganho, imaginado como aumento em 7%, muda para uma perda de 5% pois não aconteceu como você previu.

Sim, você errou na previsão. Sua ação não é isolada, é preciso prever a reação da concorrência.

O mais interessante é que você faria o mesmo que ele. Se tivesse pensado nisso antes, não teria tomada aquela decisão. Ou seja, a menos que seu concorrente pense diferente, você nunca vai conseguir o aumento de receita em 7%, e sim em uma perda de 5%. Portanto, ao se antecipar as ações dele, você deve repensar antes de agir e visualizar todas as implicações de cada decisão, e ele fará o mesmo simultaneamente.

Se você adotar outra estratégia - como abaixar o preço em outro valor, fazer promoção, lançar outro produto -, o concorrente fará outra, e o resultado será diferente. Assim, qual a melhor estratégia que maximiza o seu ganho sabendo que o seu adversário está pensamento o mesmo? A essência da Teoria dos Jogos é mapear todas as implicações e resultados de cada conjunto de ações para escolher melhor. Antes de tomar decisões, imagine o que você faria se estivesse no lugar dele.

Teoria dos Jogos é isso: entender que sua decisão não é independente e ambos os ganhos dependem da combinação de muitas ações em cadeia até chegar em um equilíbrio. Este equilíbrio é o chamado Equilíbrio de Nash, em homenagem a John Nash Jr, prêmio Nobel de 1994 e que foi personagem de Russell Crowe no filme Uma Mente Brilhante, ganhador de Oscar de 2002.

Pensar no concorrente e ações-reações antes de tomar uma decisão parece ser muito intuitivo, você já pensa assim, e não precisaria da Teoria dos Jogos para isso. Portanto, qual a grande utilidade desta teoria afinal ?

A Teoria dos Jogos é uma grande caixa de ferramentas com metodologias que organizam o seu raciocínio para se antecipar as ações de seu concorrente, chefe, colega de trabalho, vendedor de loja, esposa/marido, governo, consumidores, etc.

Neste caixa de ferramentas existem alguns e conceitos que ajudam na comunicação e no entendimento de como as pessoas decidem, como:

- matriz de resultados (ou matriz de payoffs)

- jogos seqüenciais versus simultâneos

- cooperação versus competição

- equilíbrio de Nash

- equilíbrio ineficiente

- estratégia dominante

- backward induction

- jogos repetitivos

- estratégia mista

- informação incompleta

Assim como o modelo das "5 forças de Porter" organiza o raciocínio ao pensar nas estratégias competitivas, a Teoria dos Jogos possui modelos formais e exemplos que facilitam o entendimento das decisões interdependentes e na "lógica da situação".

A base da teoria é colocar-se na posição do outro e raciocinar o que você faria em cada situação, modelando todas as interações com benefícios/prejuízos de ambos e daí tomar a melhor ação estratégica.

A Teoria dos Jogos isolada é bem incompleta, mas apresenta alguns insights para melhorar seu pensamento estratégico como um elemento complementar das demais teorias de decisões tradicionais. Para se aprofundar e para ser um bom usuário da Teoria dos Jogos, é importante unir os conceitos das disciplinas de Estratégia, da Economia Clássica (como preferências e utilidades, resultado esperado, risco e incerteza, free-rider, assimetria de informações), da Economia Comportamental.

A união das tradicionais teorias de decisão com os insights e modelos da Teoria dos Jogos é uma grande forma para melhorar suas decisões estratégicas.